No Brasil, até 1850, mais importante do que a imigração estrangeira espontânea na composição do povo brasileiro, foi a chegada de milhões de africanos. O perfil da imigração no nosso país variou com o passar do tempo, mas a maioria dos imigrantes veio da Itália, Espanha e Portugal, portanto, do sul da Europa> Va´rias são as questões que vêm à nossa mente quando discutimos o tema da imigração, como: Por que as pessoas migram?. Entre tantas nações, por que muitos escolheram o Brasil? Será que aqui encontraram o que esperavam? O que eles pensavam sobre o Brasil?
Os textos e imagens a seguir ajudarão a refletir a esse respeito.
Italianos recém chegados à Hospedaria dos Imigrantes, São Paulo, ca 1900 |
Imagem de passaporte de família de Imigrantes |
Colonização alemã (ES) |
Família de colonos alemães |
Texto1
“ Por que as pessoas migram? Eis uma pergunta tradicional que nunca recebeu um resposta completa, mas que deu ensejo a muitas publicações e debates. A questão básica envolve o peso dos fatores de expulsão ou de atração e amaneira como se equilibram.Para começar, deve-se dizer que a maioria dos migrantes não deseja abandonar suas casas, nem suas comunidades. Se pudessem escolher, todos – com exceção dos poucos que anseiam por mudanças e aventuras – permaneceriam em seus locais de origem. A migração, portanto,não começa até que as pessoas descobrem que não conseguirão sobreviver com seus meios tradicionais em suas comunidade de origem. Na grande maioria dos casos, não logram permanecer no local porque não têm como alimentar-se nem a si próprias nem seus filhos. Num número menor de casos, dá-se a imigração ou porque as pessoas são perseguidas por sua nacionalidade – como as minorias dentro de uma cultura nacional maior – ou seu credo religioso minoritário (dos judeus aos menonitas e aos dissidentes da Igreja russa ortodoxa) é atacado pelo grupo religioso dominante.
Uma vez que as condições econômicas constituem o fator de expulsão mais importante, é essencial saber por que mudaram as condições e quais são os fatores responsáveis pelo agravamento da situação crítica que afeta a capacidade potencial dos imigrantes de enfrentá-la. Nessa fórmula, três fatores são dominantes: o primeiro é o acesso á terra e, portanto, ao alimento; o segundo, a variação da produtividade da terra; e o terceiro, o número de membros da família que precisam ser mantidos. Na primeira categoria estão as questões que envolvem a mudança dos direitos sobre a terra, suscita via de regra pela variação da produtividade das colheitas, causada, por sua vez, pela modernização agrícola em resposta ao crescimento populacional. Nas grandes migrações dos séculos XIX e XX –, época em que chegaram à América mais de dois terços dos migrantes – o que de fato contava era uma combinação desses três fatores.
Pode-se dizer que o fator demográfico influênciou sobremaneira essas migrações. A denominada transição demográfica começou na Europa ocidental em meados do século XVIII. Pela primeira vez na historia mundial, as taxas de mortalidade mantiveram-se estáveis durante décadas e começaram a decrescer lenta mas progressivamente, até alcançar os atuais níveis históricos baixos.
KLEIN, Herbert S. Migração internacional na história das Américas. In: FAUSTO, Boris. Fazer a América? A imigração em massa para a América Latina. São Paulo: Edusp, 2000. p. 13-14
Na Europa, era muito comum cantar músicas que enalteciam as virtudes do Brasil, como os dois pequenos trechos a seguir:
“Vamos para a América
Naquele belo Brasil
Aqui ficam os nossos ricos senhores
A trabalhar a terra com a enxada [...]"
(Música italiana de la grande Immigrazione, de Emilio Franzina. Venesa: Marsílio Editori, 1976. p204)
"O carro já esta em frente á porta,
Partimos com a mulher e filharada,
Emigramos para a terra prometida.
Ali se encontra ouro como areia .
Logo, logo estaremos no Brasil."
(Música alemã tirada do livro O imigrante alemão, de Carlos Fouquet. São Paulo: Instituto Hans Staden, 1974. p.82)
Texto 2
Esse era o imaginário a respeito da América que prevalecia na Europa desde o século XVI e que, a partir de meados do século XIX, serviu de atrativo para a grande parcela da população camponesa de vários países europeus. é preciso, contudo, entender as condições de vida dessa população em um continente que passava por muitas transformações decorrentes da transição economia feudal para economia capitalista, e do desenvolvimento da industrialização.Segundo Zuleika Alvim (Imigrantes: ávida privada dos pobres do campo. In NOVAIS, Fernando A. (Org.). Historia da vida privada no Brasil – República: Da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Cia das Letras, 1998. P. 219-220), em linhas gerais, podemos apontar os seguintes fatores para esse processo histórico:
1. Concentração de terra nas mãos de poucos proprietários, expulsando os trabalhadores rurais do campo;
2. Endividamento dos pequenos proprietários rurais devido às altas taxas de impostos sobre a propriedade, o que levava á solicitação de empréstimos;
3. Dificuldade do pequeno proprietário de enfrentar a concorrência da oferta de produtos a preços inferiores por parte dos grandes proprietários;
4. Grande concentração dessa população expulsa do campo nas cidades, criando uma reserva de mão de obra para indústria nascente;
5. Impossibilidade de absorção, especialmente na Itália e na Alemanha, de todos esses trabalhadores pela indústria;
6. Acentuado crescimento demográfico, com a população européia aumentando duas vezes e meia;
7. Desenvolvimento tecnológico, com a máquina substituindo o trabalho do homem.
Entretanto, o sonho de “fazer a América” não era tão facilmente realizado. A vida desses imigrantes foi marcada, especialmente no seu início, por muito trabalho, dificuldades de adaptação à língua, costumes e hábitos diferentes. Além disso, não só traziam consigo os preconceitos dos países de origem, como também sofriam preconceitos, reproduzindo aqui as visão negativas que opunham alemães do norte ao sul, italianos meridionais , alemães a poloneses, italiano a japoneses(ALVIM, 1998,p 269).
Migração - migração está em trocar de região, país, estado ou até mesmo domicílio.
Diferença entre Migração,Imigração e Emigração:
Imigração - movimento de entrada, com ânimo permanente ou temporário e com a intenção de trabalho e/ou residência, de pessoas ou populações, de um país para outro.
Não se deve confundir a figura do imigrante com a do turista, que ingressa em um país apenas com o intuito de visitá-lo e depois retornar ao seu país natal.
Emigração - é o ato e o fenômeno espontâneo de deixar seu local de residência para se estabelecer numa outra região ou nação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário